Por Chris Taylor
Você já ouviu falar da junção temporo-parietal? Ela é também conhecida como JTP, uma área do cérebro que é ativada quando pensamos em compartilhar alguma coisa e com quem vamos fazer este compartilhamento.
Se você quiser fazer alguma coisa ficar viral (espalhar-se tão rapidamente como uma epidemia provocada por um vírus) no Facebook ou no Twitter, a JTP é o que você vai ativar – porque ela se acende como uma árvore de Natal, antes mesmo de sabermos que vamos compartilhar alguma coisa. Quanto mais ativada ela fica, mais persuasivo fica o compartilhamento. E isto não depende necessariamente do que nós consideramos “legal”.
Isto é o que diz um estudo publicado no Journal de Psychological Science (Revista de Ciência Psicológica), no qual cientistas da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) colocaram estudantes em máquinas de MRI (imagem por ressonância magnética) e os submeteram a um teste, que envolveu decidir o que compartilhar entre eles. Estando em Los Angeles, o teste tinha algo a ver com entretenimento: alguns dos estudantes fizeram um papel de estagiários de produção, outros de produtores e eles tinham que decidir qual show piloto de televisão eles iriam produzir, ou, em qual eles iriam apostar que seria um sucesso.
Se a JTP estivesse ativa quando alguém vislumbrou uma ideia para um capítulo piloto de uma série, foi possível prever com sucesso não apenas se eles iriam lançar um dado espetáculo, mas quão persuasivos eles estavam ao fazer, mais tarde, o lançamento. Os psicólogos responsáveis pelo estudo chamaram isto de “o efeito do vendedor”.
“Nós estamos constantemente expostos a informação no Facebook e no Twitter,” disse Matthew Lieberman, o autor sênior (mais graduado) deste estudo, explicando a sua base lógica numa entrevista na UCLA (veja o release). “Alguma parte desta informação nós passamos adiante e uma grande parte dela nós não passamos. Acontece alguma coisa no momento em que vemos esta informação pela primeira vez – ou talvez antes mesmo de estarmos conscientes de que vamos passa-la adiante”?
A resposta foi sim e de forma diferente, em relação ao que os cientistas esperavam. Eles esperavam que regiões associadas à memória fossem acender; o efeito JTP foi uma surpresa.
“Ninguém olhou anteriormente para quais regiões do cérebro estão associadas à divulgação de ideias”, acrescentou Emily Falk, que realizou a pesquisa como uma estudante de doutorado da UCLA, na equipe de Lieberman. “Você pode esperar que as pessoas fiquem muito entusiasmadas e cheias de opiniões sobre as ideias, em relação às quais elas ficam animadas, mas esta pesquisa sugere que esta não é a história completa. Pensar no que seria interessante para outras pessoas pode ser ainda mais importante”.
Esta é uma daquelas conclusões que fazem intuitivamente muito sentido: você sabe o que você sente quando vê alguma coisa no Facebook, que precisa ser compartilhada com um amigo específico? No momento quando você tem a imagem de como esta pessoa irá reagir ao receber a informação, ou um gatinho de presente? Isto, aparentemente, é a sua JTP fazendo hora extra.
A JTP está localizada perto do centro, em ambos os lados do cérebro, bem atrás das orelhas. Nós sabemos que a sua função é nos conectar com os pensamentos e com as crenças de outros; a espécie de empatia que você sente ao assistir um filme ou ao ler um livro. Sabe-se que uma lesão da JTP resulta em experiências de “sair do corpo”: literalmente, sair fora de você mesmo.
Há três anos, uma equipe do MIT (Massachusetts Institute of Technology) mostrou que estimular a JTP afetava o raciocínio moral: as pessoas ficavam com menor probabilidade de se importar com a moralidade de uma certa situação (neste caso, se um homem deveria deixar a sua namorada atravessar uma ponte que estava em péssimo estado) e de não se importar com o resultado (ela conseguiu atravessar em segurança?).
Portanto, na próxima vez que você compartilhar um grande tweet, ou uma bela fotografia no Facebook e sentir “o barato” que você estava esperando, lembre-se de qual parte do cérebro você deve agradecer.
Fonte: Mashable
Tradução e edição: Fernando B. T. Leite